Ed.Nº 132 – Far Cry 3: Blood Dragon (2013)

Analise

Faaala gamers do Brasil! Você se lembra da primeira vez que teve contato com uma DLC? Qual jogo você se recorda que valeu a pena ter comprado a expansão?

Essas perguntas tem a ver com a análise da Edição 132 que aborda o jogo Far Cry 3: Blood Dragon, uma expansão, que pode ser considerado um jogo a parte porque ele foi lançado, assim de uma hora para a outra, já que a Ubisoft não havia planejado nenhum conteúdo a mais quando lançou Far Cry 3 em 2012.

Aqui no Blog MarvoxBrasil você acompanha o texto sobre Blood Dragon na versão PC que funciona através do UPlay, a plataforma de jogos da Ubisoft. O jogo também está disponível pela PSN e Xbox Live.

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Aperte Start… Epa! Faltou a DLC que libera o Start

Steam, PSN, Live ou Nintendo eShop, lojas digitais onde você encontra os jogos dedicados para o seu console, portátil ou PC. Estou pronto para comprar aquele tão desejado jogo – “ah agora sim vou jogar, tô com grana, tô podendo”. Abro a página do jogo lá na loja, vejo o preço, 40 reais. Legal! E ao rolar a página para baixo encontro uma dúzia de conteúdos que variam entre 2 a 20 reais.

Esses conteúdos pode variar de simples vestimentas a equipamentos que deixam o personagem mais badass. No caso de um jogo de corrida, pode ser um veículo mais turbinado. E de um modo geral, pode ser também uma nova história que aumentará a duração do enredo original que já não é pequeno. Essas situações são bastante comuns e muitas vezes trazem aquela dúvida entre, levar somente o jogo ou se preocupar com o conteúdo vendido a parte.

Mas existe uma situação, esta eu acho muito raro mas acontece, quando o enredo da expansão que normalmente é algo paralelo, chega a ser mais interessante que a história principal. A desenvolvedora apostou tanto na propaganda do jogo principal, mas quem leva a melhor é o conteúdo da expansão. O que gera uma equação cheia de incógnitas que percorrem a cabeça dos desenvolvedores.

Pacote de Expansão, você lembra desse termo?

Lembro que a primeira vez que em que tive contato com expansão, o termo DLC nem existia, as expansões eram tudo por meio de CD, a pessoa comprava a parte ou tinha a sorte de encontrar tudo de uma vez através das revistas de jogos de computador nas bancas de jornal, como a CD Expert. Em uma das edições, lá pelo ano 2000, a revista trouxe o jogo Unreal, com 2 CDs. Um era o jogo principal e o outro disco trazia a expansão. Então, era necessário jogar os dois CDs para entender tudo de forma mais completa.

Depois disso, eu fui descobrindo pouco a pouco que expansão em jogos era a coisa mais normal do mundo, a maioria dos jogos no PC continham histórias paralelas, o problema era encontrar essas expansões na época, dependendo do jogo era muito difícil encontrar. O que eu mais lembro eram as expansões da primeira geração da franquia The Sims, e como isso foi famoso pelo ano 2000. Cada expansão era um CD novo. Em uma das expansões chamada Encontro Marcado, que era o 3º CD, só a partir dele possibilitava os Sims de sair pela cidade.

Na história dos Videogames, as expansões ou conteúdos por DLC é algo que existe desde a época do Atari 2600, nos Estados Unidos, era possível conectar o console em uma linha telefônica para realizar a compra dos jogos. No Japão, jogadores podiam acessar um sistema online da Nintendo usando um acessório a parte do NES, mas isso já chega em uma realidade que não foi vivida por nós jogadores brasileiros. No entanto, as DLCs cada vez mais ganharam sua importância. Atualmente, pelo Steam, e após várias atualizações ao longo dos anos, na mesma página do jogo na loja digital aparecem todas as DLCs listadas, coisa que antes era preciso caçar para saber se o jogo tinha ou não um conteúdo a mais.

Dia da Mentira Verdadeira

No caso do Far Cry 3: Blood Dragon, por meio do que se pensou ser uma brincadeira de 1º de Abril de 2013, a Ubisoft havia lançado um vídeo, fazendo muitos pessoas pensarem que aquilo seria um novo Far Cry. O vídeo é este que está aqui embaixo.

Quando Blood Dragon apareceu, eu estava jogando Far Cry 3, estava para terminar o jogo e não tinha dado muita atenção. Acompanhei algumas notícias sobre o desenvolvimento, mas o meu foco era o desfecho da história principal. No ano seguinte, em 2014 comecei a ouvir e ver várias pessoas comentarem sobre o jogo, dizendo que era muito louco, que fazia você viajar no tempo.

E nesse momento eu estava em outro jogo, em Gone Home que praticamente é um jogo que proporciona uma bela viagem de volta para 1995, trazendo um contato muito forte com objetos, sensações e lembranças de um momento dos anos 90 alvejado por tantas modificações culturais e tecnológicas.

Eu só fui jogar Blood Dragon em 2015, quando o antigo site Fullgames (saudades) fez uma promoção que colocou o jogo por 7 Reais. Logo que comprei resolvi jogar e a sensação que eu tive foi, parecia que eu tinha espalhado todos os meus brinquedos pelo quintal. Voltei a infância.

 

Sobrevivência sem Stealth

Blood Dragon foi lançado em 1º de maio de 2013, desenvolvido por dois estúdios da Ubisoft – Montreal e Shanghai. O estúdio Montreal no Canadá foi onde nasceu lá em 2002 Tom Clancy’s Splinter Cell, fez Child of Light, além de ter participado da criação de muitos jogos desde Prince of Persia Sands of Time, Assassins Creed e o recente Far Cry Primal.

Do outro lado do mapa, o estúdio Shanghai na China é um dos mais antigos, existente desde 1996. Este estúdio foi responsável por Rayman 2: The Great Escape no PlayStation em 2000, e que em 2012 trouxe I Am Alive, um jogo muito legal que faz o jogador atravessar uma cidade destruída após uma catástrofe.

Os dois estúdios decidiram desenvolver uma nova história para Far Cry 3, que entrou como uma expansão, porém, nada aqui é relacionado a qualquer situação vivida em Far Cry 3. O jogador esquecerá do Stealth, das táticas de combate, e de qualquer ensinamento que o enredo principal apresentou. Aqui o jogo é pura ação em modo assault.

Vale meter o pé na porta, arrancar corações dos soldados (eu explico mais adiante), coletar objetos pelo cenário e outros que estão escondidos pedindo uma pequena dose de exploração que vai da vontade do jogador. É possível destravar um número de armas sem exageros, encarar de frente dinossauros de um jeito que não se via desde Cadillacs & Dinosaur ou Dino Crisis, com vilões que parecem ter saído do seriado Esquadrão Classe A. O jogador pode dirigir jipes, caminhões e barcos para ganhar tempo pela ilha entre um ponto e outro, com 13 bases fortemente equipadas e resguardadas por tropas capazes de fazer furos na tela do seu monitor ou TV.

Far Cry 3: Blood Dragon (PC)

Anos 80, Dinossauros e… Master System 4?

Sem deixar o saudosismo ou nostalgia tomar conta, nada de dramas do passado. Existe um trabalho muito legal na trilha sonora para os mais adeptos ao tom dos Anos 80, é um jogo que consegue fazer o jogador ser engolido desde a tela de Start. Assim que o jogo começar, é possível ouvir a música que está logo abaixo, durante a tela de abertura.

A trilha sonora foi composta pelo grupo australiano Power Glove, eles são especialistas em criar músicas que remetem a essência oitentista e foram escalados para desenvolver toda a trilha sonora de Blood Dragon a pedido da Ubisoft Montreal, que havia conhecido o trabalho do grupo e resolveu enviar-lhes um E-mail convidando a participar da produção do jogo. Quase que os caras do Power Glove deletaram a mensagem achando que se tratava de uma brincadeira, um spam.

O que fica muito claro durante o desafio, pelas cutscenes e no visual cheio de luzes de neon em direção ao céu são as referências com conteúdos que participaram da vida de pessoas que viveram os Anos 80. Por exemplo, as cutscenes são todas pixeladas de um jeito que remete aos jogos do computador Commodore 64. Outras referências mais presentes estão durante o percurso do jogador pela ilha, com brincadeiras envolvendo nomes como: Tartarugas Ninjas, He-Man, e o filme Karate Kid.

E continua pelo personagem, você é o Sargento Rex “Power” Colt, que assim como no filme Exterminador do Futuro, o primeiro modelo chamava T-800. No jogo da Ubisoft, Rex é um modelo Mark IV Cyber-Commando. Chega a ser cômico se ligar o modelo de fábrica do personagem, com o mesmo nome do Master System, onde no Japão o console de 8-bit era conhecido pelo nome Sega Mark III. Rex seria o Master System 4?

Far Cry 3: Blood Dragon (PC)

O melhor é que todas essas referências não estão apenas para causar nostalgia no jogador. Na maior parte das vezes Blood Dragon chega a dar diversos puxões de orelha, de brincadeira, na indústria do Videogame. Como se fosse um Deadpool da indústria contemporânea dos games, onde o próprio produto da Ubisoft fosse um anti herói que desconcerta certas regras impostas pela própria indústria, regras que são utilizadas pela Ubisoft também. Isso tudo é possível perceber durante os diálogos exibidos na tela durante o jogo.

É como alugar um filme

O ano é 2007, a Terra não é mais a mesma após uma guerra nuclear que devastou tudo o que conhecemos. Mesmo no meio de tanta desordem, é possível enxergar um caminho para a paz? Os Estados Unidos envia para uma distante ilha um ciborgue. Sua missão é descobrir informações sobre uma arma biológica misteriosa que poderá eliminar aqueles que restaram em pé.

O roteiro é bastante simples, sem muitos rodeios e situações que fazem o jogador pensar demais perante os acontecimentos do jogo. Blood Dragon oferece um desafio a queima roupa. Um exemplo acontece logo no começo. Ao sair da área inicial, o jogador já encara um dinossauro enorme dos vários que existem pela ilha. Quando eles abrem o bocão, expelem um raio que queima o corpo de Rex, se o jogador estiver desatento, vai morrer logo no começo.

Nessa parte entram os corações, ao eliminar um soldado você consegue além arrancar o coração no estilo do Fatality do Kano em Mortal Kombat. Esses corações são importantes para Rex conseguir arremessá-los pelo caminho para desviar a atenção dos dinossauros, que por sua vez vão atrás do coração para devorar. Enquanto isso, o jogador dá o fora do ambiente para continuar o percurso. Consigo listar algumas situações que o coração pode tentar sair pela boca, por exemplo:

  • Perambulando pela ilha, após subir qualquer morro a pé, e de repente o dinossauro vê você de longe;
  • Dirigindo pelas estradas no jipe, e após qualquer curva um dinossauro está no meio da via;
  • Deixar os dinossauros invadir a base em que você está completando a missão.

Das três situações que eu listei, existe uma forma do jogador impedir a invasão dos dinossauros dentro das bases, mas isso fica mais legal descobrir durante o jogo para evitar causar um xeque-mate em si mesmo a qualquer momento.

De certa forma, Blood Dragon foi uma atitude ousada por parte da Ubisoft por trazer um conteúdo com fortes elementos que, para muitos que começaram a jogar PS3 e X360 podem não conseguir ligar certos ganchos, a menos que alguém que esteja do lado assistindo o jogo conte o que aquilo quer dizer. Por esse motivo, o jogo possui legenda em português, o que faz com que qualquer público jovem ou adulto consiga entender o contexto dos diálogos das partes mais cômicas até as mais dedicadas, o que facilita o jogador em dizer: “ok, não sou dessa época mas entendi”.

Isso não impediu o jogo de ganhar um forte número de fãs, e chegou a vender 1 milhão de cópias, o que até hoje foi o jogo da Ubisoft que vendeu mais rápido da história da empresa. Mesmo com tantos pedidos de continuação, até o momento não parece que a Ubisoft desmembrará Blood Dragon de Far Cry a ponto de criar um jogo a parte.

Far Cry 3: Blood Dragon (PC)

Menor e mais pesado

Blood Dragon consegue ser um dos jogos de mundo aberto mais fáceis de toda a franquia Far Cry, ideal inclusive para jogadores que não sentem tanto apelo por jogos de mundo aberto, ou se sentem de fora da conversa pelo fato desses jogos de ação, na maioria das vezes trazer o elemento do Stealth, o que não acontece nesta expansão. O jogador nem precisará se preocupar em ficar escondido e atacar quando surgir oportunidade. É um desafio de peito aberto mesmo, que consegue reunir tanto jogadores com mais ou menos experiência. Não sei como a Ubisoft conseguiu isso, mas é um Far Cry bastante receptivo. Para o jogador que procura apenas terminar de uma vez durará apenas 4 horas, podendo aumentar se este jogador começar a se envolver com os segredos da ilha.

Tratando-se da versão do PC, Far Cry 3 e Blood Dragon trabalham com o mesmo motor gráfico, o Dunia Engine 2. Por um lado, o terceiro jogo é bem otimizado e facilita para os jogadores que jogam no PC ou Notebook com placa de vídeo integrada devido a existência de várias opções que o jogo traz na hora de configurar o Far Cry 3.

No caso do Blood Dragon isso não acontece. As opções são menores, não dá para desligar certos efeitos, existe um peso maior nos detalhes, e a forte existência de luzes de neon e iluminação ambiente por toda a ilha pode fazer o jogo aparentar pesado dependendo da situação quando a ação aumenta. Por isso é recomendado prestar atenção com os requerimentos mínimos e recomendados para evitar frustrações.

O jogo funciona através do UPlay, onde estão também todas as Ações, Recompensas e Conquistas, sendo, 4 Ações, 5 Recompensas e 3 Medalhas, além das 19 Conquistas para o jogador desbloquear durante o percurso do começo ao fim, e não tem modo multiplayer.

A edição 132 fica por aqui, no mosaico abaixo você poderá conferir algumas imagens capturadas durante a Campanha, nessas imagens eu coloquei algumas informações do que é possível encontrar. Acessem todas elas e aproveite para ouvir uma das trilhas mais imersivas do jogo feita para aumentar o volume. Até a próxima!

3 Comments

  1. Faala Cadu! Esses lance de expansões é uma coisa que sempre teve, é aquela coisa, num jogo se ainda tem enredo para contar e não deu para colocar tudo no jogo principal, a DLC pelo menos mantém o jogo naquele mesmo patamar sem ficar criando Jogo 2, Jogo 3, aumentando a tecnologia do jogo e muitas vezes até dificultando a pessoa conseguir rodar porque a Engine mudou. O que eu mais tenho visto é, montagem de DLC com incremento do visual, aí eu acho meio sacanagem porque por 1 detalhe a mais, às vezes o jogo simplesmente não roda mais ou fica mais pesado. Realmente é um caça níquel. No caso do Lara Croft Guardian of Light, é bem divertido a DLC que substitui a Lara por outros personagens, e ainda muda o contexto porque esses personagens possuem vozes e outros textos que a Lara Croft não fala. Tem coisa que é divertida, o lance é pesquisar para ver se vale a pena.

    Grande abraço!

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  2. Rapaz, o negócio de coletar corações nos jogos antigos parecia algo mais puro e inocente, esse negócio de colecionar e jogar pra dinossauros parece um pouco traumático! kkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Engraçado como DLC, que vc mencionou mais no começo do texto e lembrou de histórias interessantes como a do Famicom no Japão, criou um repúdio enorme por parte dos jogadores que mal sabem do que estão reclamando, só querem reclamar. Entendo que tem muita empresa sacana por aí, mas conteúdos adicionais que aumentam a experiência dentro de um jogo são sempre bem vindas, pena que nem todo mundo enxerga isso, até por questões culturais. E pena que nem todo mundo gera DLCs que valem o investimento.
    É isso aí!
    Valeu Marvox!

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